sábado, julho 03, 2010

Ar




Ar que me envolves
Quantos já envolveste?!
Quantos rebeldes cabelos
Já revolveste?

Quanto de ti vento
É bafo de outra gente,
Oxigénio impuro
Respirado, ofegado,
Poluição inconsequente?!

Ar remexido que esvoaças
As folhas mortas,
As árvores vivas,
Os cabelos estilhaças,
Bates com as portas
Em zangas festivas.

Fôlego folgado
De suor empestado
Vens até mim sem querer,
Respiro-te forçado
E te expirando enojado
Foste meu e de outros
Até te perder.

Faz-se o mar teu escravo
Envolvendo bravio
As ondas na areia
E revoltado rebenta
O rochedo esguio.

E a gente usa,
Abusa dessa força fatal
Empurrando o navio,
Desencaminhando o rio,
Numa poluição infernal.

Inspiro com força
Este bafio quente
Temendo o ar me faltar,
Sem escolha respiro indisposto
O fôlego desta gente
Que insiste e respira sem parar.

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