quarta-feira, outubro 11, 2006

Pensamentos de Outono





















Folhas que caem
Vento constante
Céu cinzento
Chuva humilhante

Silêncio calado
Pelo passar do tempo
Relógio parado
Com medo, assustado
De que acabe o momento.

Outono castanho
Árvores a definhar
Passear pela rua
Nas folhas tropeçar

Nada vazio
Pelo não existir do pensamento
Presença ausente
Com receio, inconsciente
Que lhe falte o alento.

Chuva miudinha
Matos a esvoaçar
Céu nublado
Pássaros a se afastar

Andar a correr
Para nunca morrer
Saltar momentos
Para evitar pensamentos
Que possam molestar.

Sol entre as nuvens
Calor enganado
Gente a deambular
Dia mal iluminado

Azáfama calma
Que insiste em se apressar
Correria inconstante
Temendo que num instante
Lhe venha o tempo faltar.

domingo, junho 04, 2006

Amor Molhado















Sabes a mar,
A água fresca da nascente,
És refresco de Verão
Numa tarde quente.

Tens aroma a flores
E sabor salgado.
És maresia da serra,
Prazer adocicado.

Teu toque arrepiado
De pele molhada
Sabe a frescura matinal,
Sabe a onda derrubada.

Numa brincadeira
de duas crianças inocentes
conhecer-te, tocar-te
dizer-te palavras indecentes.

Segredar-te ao ouvido
O som do horizonte.
Sussurrando um beijo
Perdido numa fonte.

segunda-feira, maio 01, 2006

Seara Triste





















Perdido, desencontrado,
À busca de algo mais,
Deixo me levar neste sono,
Nesta morte lenta,
À procura de paz.

Mas calma não encontro!
Apenas dou de caras com desalento.
Não sei se vivo ou se morro…
Estou farto deste tormento!

Por muito que nade contra a corrente,
Fico sempre no mesmo lugar.
Será melhor parar, flutuar,
Ou então deixa-me afogar.

Se sinto ou não,
Já não importa!
Quero é acabar com isto!
Pôr fim a este sonho,
A este pesadelo que resisto.

O peso nos meus ombros
É cada vez maior
E minha aflição crescente.
Não sei que se passa comigo…
Só sei que já não sou contente.

Sou laranja azeda,
Seara triste
E amarga por dentro.
Sou fruto que não existe.

Nada para me acalmar!
Nada para me fazer viver…
Fecho então os olhos
E chorando
Deixo-me morrer…

quarta-feira, março 01, 2006

Lonely
















Dreams of light:::::::::::::become:::::::::::::Nightmares of darkness
Visions of truth:::::::::::::become:::::::::::::Blinding lies
Happy smiles::::::::::::::::become::::::::::::Sad tears
Faith in Life:::::::::::::::::becomes:::::::::::: Hope in Death
Love:::::::::::::::::::::::::::becomes::::::::::::Hate
My heart:::::::::::::::::::::becomes::::::::::::Two

and I, I refuse, I will not, I cannot become You!

domingo, janeiro 29, 2006

Quebrado















Espelho mal partido ou
Vidro bem quebrado

Sinto-o trespassar minha alma,
Ousando invadir minha presença,
Unindo e quebrando tudo em mim!

Grande é a confusão do ser
Aldrabado, quebrado pelo não querer
Inalterado no viver, no sentir.

Atrevendo-me a existir
Divido-me em viver e ser:
Viver na superfície
Ser no coração.

O espelho partido nada reflecte!
O vidro quebrado nada deixa ver!
A mentira permanece opaca,
A verdade por reflectir.

Oculta-se o segredo
Maior que a própria vida.
Fragmenta-se a existência
Numa tentativa de salvação perdida.

Desdobro-me em preces,
Num desespero de união.
Rogação vã, a minha…
Estou quebrado! Sem solução!

Mal Preenchido













Escuridão, confusão, o vazio…
Preenchem-me!
Como a água enche o mar
E a luz completa o dia.
Além disso nada mais,
Depois disso só o caos.

De olhar perplexo e profundo
Espreito o horizonte infinito,
Ultrapasso essa linha,
Quebro o meu limite!
Olho para aquilo que não existe!

Ou existe mas não está lá…
Ou está mas ninguém vê…
Serei o único a ver o dia
E a não ver a noite?
Ou estarei no entardecer?
Onde a sol beija a sombra…
E não sei se amanhece ou escurece?

O relógio parado no meu braço
Diz-me que o tempo não passa
E que é este meu castigo:
Viver no limbo do meu ser,
Na orla de um existir vazio
Mal preenchido até ao fim!

Atrever-me-ei a ver a luz
Ou a partilhar minha escuridão?
Estará a luz a me cegar
Ou a escuridão a não me deixar ver?

De olhos vendados
Ou demasiado abertos
Não tenho como saber para onde vou…

Os meus sentidos mentem-me!
Dizem-me que não vou!
Que estou mal perdido
Na porta de um labirinto
Sem saída, nem fim,
Sem partida, nem largada,
Só fugida!