segunda-feira, novembro 12, 2007

Perdição



Quero me perder nesse aroma
De amor perfumado
Que me apela e me toma
E me deixa enamorado.

Quero me perder nesse corpo
E ficar para sempre perdido
Que te encontre apenas a ti
E que o ar que te rodeia
Seja tudo o que tenhas vestido.

Quero me perder nas palavras
Que saem dessa boca divinal
Que sejam todas beijos
Apaixonados sem igual.

Quero perder a noção do tempo
Nas horas que estou contigo
E aquelas em que não estou
Quero que sejam minhas também
Para te ter em todos os momentos
E ser sempre o teu bem,
O teu amor e o teu melhor amigo.

És a minha perdição
O meu pecado mais orgulhoso
Amo-te com vício
E recuso cura ou repouso
Desta minha ébria paixão.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Vício Mudo



A indiferença dói-me
E mata-me como punhais,
Fazem-me sangrar o coração
Os sentimentos desiguais.

O desinteresse apático
Magoa-me sempre e cada vez mais.
Estou frustrado e canso-me
Da falta de sinais.

Ai tão esperadas palavras
Venham sem demora!
Aqueçam-me o coração
Nesta tão penosa hora.

Que venham embutidas de desejo
De vontade e necessidade
E torneadas de tentação
Satisfaçam este apetite sobejo
De estima e aceitação.

Aos gestos faltam-lhes a voz,
São tagarelas de boca calada.
Dizem ser mudos por escolha.
É arbítrio de alma penada.

Que prevaleça o amor
Entre as palavras e as acções.
Que nunca esmoreça o vício
Que alimenta estas paixões.

segunda-feira, abril 30, 2007

Limbo



Já não faz sentido viver…
Este limbo que me segura
Larga-me na noite escura
E fico só, a doer.

Os vultos que me rodeiam
Não são mais que almas penadas,
Vidas de pessoas cansadas
Perdidas, suas cores escasseiam.

Este mundo cinzento,
Daltónico por não se enxergar
Enfraquece-me a vida e o pensar
E deixa-me num limbo de tormento.

A convicção cega desta gente
Enclausura-me a imaginação
Queima-me o coração
Tanta mentira eloquente.

Regem-se por princípios infiéis
Condenados à nascença
Enganam a sua própria crença
E vão se os dedos e os anéis.

Fico eu só, isolado
Reprimido a um canto
Cobrem-me as sombras e um manto
E aqui ficarei para sempre
Eu próprio vivo, mas cansado!

segunda-feira, março 26, 2007

Nascer e Ser



O nascimento é apenas etapa
Para um alcançar mais distante,
Um amadurecer que não escapa
E nos torna ser pensante.

No olhar de uma criança
A inocência desmedida,
Tantos sonhos, tanta esperança
Tão poucos anos de vida...

No abraço de uma mãe
Todo o amor jamais encontrado,
Um conforto que nunca mais se tem
Nem se encontrará noutro lado.

Nas mãos ásperas de um pai
O carinho severo do respeito,
Num afecto que vem e não vai
E fica para sempre no peito.

E palmo e mais outro,
Na vida sempre a crescer.
Na mente e no corpo
Mudanças a ocorrer.

Tanto pela frente
E já tanto deixado para trás…
Ser adolescente
É provar ser capaz.

Mostrar ser responsável
Autónomo e respeitador
Sem deixar de ser amável,
Sociável e conversador.

É provar ser de qualidade
Para os tempos que se acercam
Desenvolver maturidade
Para os problemas que nos cercam.

Um passo mais adiante:
A vida, o existir verdadeiro,
Ser humano confiante,
Ser, finalmente, inteiro.

domingo, março 18, 2007

Dito por não Dito


Dou o dito por não dito
Por aquilo que acredito.
E vendo o sonho pela vontade
De num erguido grito
Dizer a minha verdade.

Dou o visto por não visto
Por aquilo que existo.
Compro a lua e o mar
Porque não resisto
A viver neste desinquietar.

Juro pelo juramento
De nunca perder o pensamento
Que me invade com ardor,
Me ferve as ganas e me dá alento.
Juro seja lá pelo que for

Que me agarrarei a esta consciência,
Qualquer que seja a penitência
Vou cumprir meus valores
Pôr em causa a minha inocência
E pecador assumir minhas dores

De existir insubstancial,
Viver incapaz, vil e banal
Não é ser sequer
É morrer simples e fatal
Que nem dor merece ter.

domingo, fevereiro 18, 2007

Coração Emprestado


Este coração que tenho
Podia emprestá-lo sem retorno,
Sem taxas nem juros,
Sem qualquer complicação ou adorno.
Teria apenas três condições:
Que o estimassem junto a mim,
Que não o esbanjassem em derriços,
Que apenas tivesse uso em boas intenções.

Talvez mais tarde o quisesse de volta,
Nem que para recordação
Do que tive um dia para amar
E desportivamente abri mão
Sem pensar duas vezes,
Sem considerar os arrependimentos
Que me poderia trazer a razão.

Pergunto-me a quem daria este coração sem valor…
Quem quereria este pedaço de corpo doirado?
Talvez alguém que fizesse colecção de artigos de amor
E lhe faltasse na lista algo encarnado.
Ou então alguém que de coração despedaçado
Quisesse outro para remendar.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

HOME - Michael Bublé

Prazer Adocicado



Prazer adocicado
Adoça-me o existir
Deixa-me ser presenteado
Com esse mel de sorrir.

Deixa entranhar-me em ti
Como mar pela rocha dentro
E esquecer o que sofri
Quando cambaleava ao vento.

Quero um bocado desse fruto
Dito ser proibido
Quero quebrar a lei, ter usufruto
Desse sabor banido.

Uma dentada após outra
Quero saborear
A doçura dessa forca
Que é morrer e ressuscitar.